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  1. Obama: novo mandato será sustentável?

    terça-feira, 20 de novembro de 2012



    Boa parte dos votos que asseguraram a reeleição de Barack Obama chegaram às urnas soprados pela força dos ventos do furacão Sandy, um evento climático extremo que surpreendeu os cientistas pela rota incomum. A tempesade obrigou o candidato republicano Mitt Romney a reconhecer que o adversário democrata estava certo, ou seja, que o país necessita de uma agência federal para a prevenção de desastres.
    Pode-se dizer de forma bem humorada que Obama está em dívida com Sandy. Mas é possível afirmar sem nenhuma dúvida que o presidente reeleito não cumpriu importante promessa feita há quatro anos quando se comprometeu a ser o “principal líder climático do planeta”.
    Em seu primeiro mandato Obama conseguiu aprovar na Câmara um projeto inovador para regular as emissões de gases estufa nos Estados Unidos. Batizado de “Cap and Trade”, o projeto estabelecia os limites de emissões para cada setor da economia e as regras para a criação de um mercado de carbono doméstico.
    Bombardeado pelos republicanos, por empresas eletrointensivas que queimam regularmente quantidades monumentais de combustíveis fósseis e por segmentos da mídia que associavam o “Cap and Trade” a mais desemprego num momento difícil da economia, Obama recuou e abandonou à própria sorte o projeto que hoje dormita em alguma gaveta do senado.
    O que fará o presidente reeleito em relação a este projeto no segundo mandato? Ninguém sabe. A questão climática manteve-se ausente durante a campanha eleitoral.
    E qual será a postura do presidente nas negociações do clima? Por enquanto, guarda-se viva na memória a passagem relâmpago de Obama por Copenhague durante a COP-15 para um dos pronunciamentos mais burocráticos e menos inspirados de seu primeiro mandato. Também preferiu não vir à Rio+20. Ficou clara a estratégia do presidente de calibrar suas declarações sobre assuntos ambientais de interesse mundial ou participações em eventos fora dos Estados Unidos sempre de acordo com os humores de seu eleitorado. O resultado nesse sentido foi pífio.
    Mas Obama – através do EPA (Environmental Protection Agency) – determinou que o dióxido de carbono (CO2) passasse a ser considerado um poluente. A medida permitiu uma série de restrições que passaram a ser impostas aos maiores poluidores do país. Uma enxurrada de ações judiciais questionou a medida, mas a Suprema Corte deu ganho de causa ao governo. Ponto para ele.
    Segundo dados do WorldWatch Institute, nestes primeiros quatro anos da Era Obama houve um aumento de 55% na eficiência dos combustíveis, a importação de petróleo caiu 32%, as emissões de dióxido de carbono foram reduzidas em 10%, a capacidade instalada dos parques eólicos dobrou e a produção de energia a partir do sol foi multiplicada por sete.
    Se, por uma lado, a matriz energética americana registrou um salto qualitativo na direção das fontes limpas e renováveis, por outro, a administração Obama passou a apoiar ostensivamente a exploração de gás de xisto através de um método conhecido como “fracking”, que injeta explosivos e substâncias quimicas no subsolo. Controverso e polêmico, o gás de xisto divide a comunidade acadêmica e científica – alguns países da Europa proíbem sua exploração – pelos enormes riscos de contaminação das águas subterrâneas.
    Apesar de tudo, do ponto de vista ambiental, melhor Obama do que Romney. Os democratas têm assumido historicamente muito mais compromissos em favor do meio ambiente do que os republicanos, que chegaram a censurar relatórios da Nasa e da EPA sobre aquecimento global na era Bush.
    Mas Obama continua devendo. É evidente que os obstáculos são gigantescos, que o Congresso não lhe é favorável, que a sociedade americana está dividida também no que diz respeito a certas políticas ambientais, mas político reeleito costuma ser mais assertivo em suas convicções num eventual segundo mandato.
    O que estará em jogo nos próximos quatro anos é o legado que Barack Obama pretende deixar à frente da Casa Branca. Quem senta naquela cadeira, comandando a única superpotência do planeta, não pode tudo, mas pode muito. Se experimentamos a maior crise ambiental da História da humanidade – e Obama sabe disso – há muito o que fazer até 2016.
    Que ele possa cumprir o que disse no discurso da vitória, horas atrás: “O melhor ainda está por vir”.

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